quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O caminho é a Inovação

Autor: Marcelo Alexandre Correia da Silva

No processo de desenvolvimento contínuo do mercado as empresas necessitam cada vez mais de novas formas de se manterem competitivas e atender as exigências dos consumidores. Assim, a inovação passou a ser uma das maiores necessidades dentro das empresas.

Dentre as características que motivaram a inovação a ser o caminho para essa competitividade destacam-se, a velocidade das mudanças do mercado, da diminuição do ciclo de vida dos produtos e a obrigação de se respeitar princípios éticos para desenvolvimento, como minimização de impactos ambientais e a comprovação da qualidade em todas as suas dimensões.
Estudiosos afirmam que estamos na era da inovação, pois nunca se experimentou um cenário onde expressivamente as mudanças são geradas pela presença de elementos intangíveis como conhecimento e não apenas pelo poder econômico das empresas.
A mudança no modelo do desenvolvimento tecnológico foi quebrado devido às alterações sociais, onde o sucesso que era determinado apenas pelo benefício econômico, atualmente se mostra muito mais representativos através da capacidade de mobilizar e explorar os ativos intangíveis com mais ênfase, estamos na sociedade do conhecimento, onde as informações estão disseminadas, provando que nos tempos atuais não necessariamente as grandes empresas são detentoras de toda informação. Muitas das inovações de ruptura da atualidade estão sendo idealizadas por pessoas que até pouco tempo atrás não tinha nem idade, nem formação, e nem o perfil para ocuparem esse espaço.
Apesar de a inovação ser algo que sempre fez parte da necessidade de desenvolvimento econômico e social, atualmente ele é considerado um instrumento importante para o desenvolvimento e diferenciação das empresas no mercado em que atuam, sejam essas inovações em processos ou em produtos.
Quando se discute sobre inovação em empresas quase que invariavelmente, se pensa em inovações de produtos e em equipes que buscam novas idéias ou soluções para necessidades do mercado. Dessa forma toda vez que se decide por um novo investimento em inovação a empresa necessita inevitavelmente de uma equipe de pesquisa e desenvolvimento, de um espaço físico adequado, sendo essa excussão feita a portas fechadas em sigilo total.
Tradicionalmente, os processos de inovação ocorrem dentro desses limites. Essa metodologia de inovação ortodoxa é chamada de inovação fechada, ou cloused innovation, e possui uma série de limitações que influem diretamente no resultado dos processos para desenvolvimento de novos negócios e de marketing de novos produtos.
Dentre as limitações se destacam:
- Muitas das grandes idéias nascem de pessoas que não estão envolvidas no processo de desenvolvimento, sejam esses colaboradores de outros setores, pesquisadores, consumidores e até concorrentes;
- O tempo para criação e colocação do produto no mercado através do método de inovação fechada é mais extenso e oneroso, pois, necessita de ser desenvolvido inteiramente pela equipe envolvida no processo, muitas vezes necessitando investir em equipamentos e laboratórios;
- Corre o risco de investir para desenvolver tecnologias e produtos que chegam ao mercado em um estágio de obsolescência;
- Com aumento do número de pessoas qualificadas, do advento das ferramentas de pesquisa e comunicação on-line, como as redes sociais, aumentou a fluidez na troca de informações;
- Quando um dos colaboradores envolvidos no processo sai da empresa, leva a bagagem de conhecimento, gerando fluxo de conhecimento desfavorável para quem investiu sozinho.
Outra limitação clara do modelo de inovação fechada é a necessidade ou risco que uma empresa se submete ao iniciar um novo projeto, pois muitas vezes esses foram selecionados dentre diversos projetos internos, baseados em um consenso entre pessoas que trabalham em um modelo estrutural e de conceitos semelhante, aumentando assim o risco de ser demasiadamente conservador ou abusivamente desconectado do mercado, além de que, muitas idéias e descobertas que surgem, seja por falta de serventia ou por temor de se aventurar em outros nichos de mercados são descartadas, sendo que poderiam ser viabilizadas através de alternativas externas de desenvolvimento.
Além destas limitações, esta forma de buscar o desenvolvimento, não tem surtido os efeitos esperados, estudos mostram que na década de 80 e 90, cerca de 50% dos produtos lançados no mercado não geraram resultados positivos.
Henry Chesbrough, um dos grandes cientistas da inovação, e criador do modelo de inovação aberta, atribuiu a essa metodologia de inovação semelhança a um funil dentro de uma empresa, onde na boca mais larga do funil encontra-se a nuvem de conhecimento, pesquisa científica e tecnologia que são apresentadas em forma de idéias, no corpo do funil essas idéias passam por um crivo e julgamento e na boca menor do funil poucas delas são transformadas em produtos, sem interferência de idéias ou processos externos ao conhecimento dos colaboradores da empresa.
Essas limitações são minimizadas no processo de inovação aberta. A filosofia de inovação aberta, ou open innovation, baseia-se no princípio de sinergia que nenhuma pessoa ou empresa é tão eficiente a ponto de possuir conhecimento maior que várias empresas ou pessoas pensando e desenvolvendo em conjunto.
Assim muda-se a lógica de criação de novos produtos, que eram elaborados em laboratórios de empresas com apenas sua equipe de P&D pensando, hoje se utiliza de conhecimento acessível, seja de pesquisadores, consumidores, redes sociais e até concorrentes, sendo os pesquisadores dessas empresas catalisadores de conhecimento.
Segundo o criador do modelo de inovação aberta, ou open innovation, esse processo baseia-se na perspectiva de abrir a empresa a todas as oportunidades possíveis de uso de tecnologias, incorporando conhecimentos disponíveis externamente, seja no mercado ou centros pesquisas como as universidades. Como outra face da busca por novos conhecimentos, quase que em um processo inverso, é a possibilidade do licenciamento de conhecimentos próprios não utilizados liberados para o uso por outras empresas.
Essa outra característica da inovação aberta, que possibilita que as idéias descobertas, que não interessam a empresa, possam viabilizar alternativas externas, retroalimentando o mercado e a disseminação de novos conhecimentos.
Essas estratégias ganham forças, pois os ciclos de inovação e o time to market estão cada vez mais curtos, e o que sustenta uma empresa competitiva e despontando no mercado é a capacidade de melhorar produtos existentes ou lançar novos produtos antes das concorrentes, buscando sempre o menor custo e prazo para isso.
Essas trocas de conhecimentos favorecem as pequenas e médias empresas, que podem fornecer e desenvolver produtos, desenvolver pesquisas para as empresas maiores e, desse modo, conquistar um nicho de mercado. Assim os departamentos de P&D, atualmente PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) são tão ou mais importantes que inicialmente, pois esses departamentos se transformaram em agências catalisadoras de novas descobertas, onde a junção de idéias internas com o conhecimento externo, somados, tem maior capacidade de executar bons resultados.
Assim a inovação, não é apenas um tema em ascensão, é a força motriz do mercado na atualidade, pois traz oportunidades a empresas que saem na frente no processo de descoberta e lançamento de produtos, demonstrando que a manutenção e desenvolvimento das empresas no mercado, tem ligação direta com a capacidade de ser pioneira, de saber que o processo de ideação e criação surte efeitos mais significativos quando são feitos coordenadamente e no menor prazo possível.
Portanto, existe a necessidade de evolução da cultura empresarial, a necessidade das organizações de aguçarem sua visão do mercado, possibilitando assim a sensibilidade de conduzir o processo desenvolvimento, sabendo que muitas soluções ou possibilidades de ascensão transcendem os muros da empresa.
Tal mudança cultural tem que ser pautada na capacidade de despertar o interesse dos colaboradores pelo questionamento, pela análise, pela capacidade de fazer reflexões e também de um caminho para expressar esta capacidade perante a empresa, pois, a “cultura inovativa” nasce em ambientes onde se valoriza elementos intangíveis, onde se permite o influxo de novas idéias, novos conhecimentos, e a capacidade do ser humano de contestar e transformar o que já está pronto.